quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Só em preto e branco!


    A princípio eu só era uma idéia na cabeça de um garotinho, que pensava em me fazer o melhor desenho do mundo.
 
    Primeiro o menino pegou um papel com toda delicadeza que uma criança pode ter, e aos poucos, ele ia me colocando no papel, a única atenção que ele tinha era pra mim, eu era a única importância pra ele naquele momento, nada existia naquele instante, a não ser apenas eu e ele.
 
    Os olhinhos dele brilhavam a cada segundo que passava, e eu sentia que seria o desenho mais bonito que ele já tinha feito, porque o jeito que ele me olhava era de satisfação, de superação, de amor.

 
    Enfim, ele terminara, e quando dei por mim, a única coisa que podia ver era a minha imagem em preto e branco, eu não era bem um desenho, mas sim, era um rabisco feito com um grafite preto em uma folha branca.
 
    Assustei. O jeito que o garotinho me desenhara, o jeito que ele me olhava era de uma grande satisfação, parecia que eu era o melhor desenho do mundo, pra ele eu não parecia um monte de rabiscos só em preto e branco, pra ele eu era a coisa mais linda que ele já tinha feito.
 
    No momento em que me vi, eu não consegui entender o motivo de tanta felicidade do menino ao me ver desenhado daquele jeito, sinceramente, eu era o desenho mais sem graça daquele garoto. 
 
    Depois de pronto, eu me lembro que ele me pegou em suas mãozinhas e começou a mostrar-me a todos que via, o sorriso dele era puro, sincero, era um sorriso de uma criança que tinha acabado de fazer a melhor coisa de sua vida, nem parecia que ele tinha acabado de fazer um monte de rabiscos só em preto e branco.
 
    Depois de presenciar tudo isso, depois de ver o rostinho delicado daquela criança, eu entendi o verdadeiro motivo da felicidade dele, pois por traz daquele desenho sem graça que eu era, existia sentimentos, existia segredos de um coração expressados em rabiscos, mas não eram expressões em preto e branco, mais sim expressões de um coração vermelho sangue, cor de vida, cor chamativa, eu era um desenho com aparência pouco atraente, mas tinha a coisa mais importante que todos desejavam ter: a verdadeira essência da pureza dos sentimentos de uma criança.


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